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quinta-feira, 9 de junho de 2011

História de Assombração

Por: Franklin Cascaes.        
Há muitos anos passados – contou-me um narrador de histórias de assombrações – num lugarejo da ilha de Santa Catarina, morava um pescador que possuía várias embarcações para o serviço da pesca, inclusive uma lancha baleeira.

Homem trabalhador e cuidadoso que era, tratava com todo carinho suas embarcações e equipamento, os quais guardava num rancho bem construído e fechado à chave.

Certa manhã de uma sexta-feira, quando o pescador, junto com seus camaradas abriu o rancho para retirar as embarcações, encontrou a lancha baleeira molhada e com muita areia espalhada sobre o fundo o que causou surpresa a toda tripulação, pois tinham deixado enxuta e limpa quando na véspera a recolheram para o rancho.

Comentado e analisado o fato, eles chegaram à conclusão de que a maré naquela noite tinha sido alta e não encontraram nenhuma pegada de pessoa, na praia, portanto, não havia razão para suspeitarem que alguém tivesse tirado a lancha do rancho, mesmo porque ele estava fechado e a chave se encontrava em poder do seu dono.

Daquele dia em diante, todas as manhãs de sexta-feira, quando o pescador abria o rancho para retirar suas embarcações para retirar suas embarcações para pesca, encontrava a lancha molhada e lodosa.

Como aquele ano e naquele lugar, as endiabradas e perigosas mulheres bruxas vinham desenvolvendo grandes atividades bruxólicas contra as inocentes criancinhas, chupando-lhes o sangue até levá-las à sepultura e zombando sarcasticamente, das fortes rezas e bem urdidas armadilhas que se lhes preparavam – toda a tripulação da lancha foi unânime em concordar com a desconfiança do velho pescador de que aquele serviço só podia ser obra das temíveis mulheres bruxas.

Homem intrépido, acostumado a enfrentar fortes tempestades, o frio, a fome, a sede, etc., em sua árdua profissão, todos os dias, não titubeou em enfrentar mais este estranho caso que o destino lhe apresentou, como um desafio à sua coragem indomável de velho pescador.

Sempre respeitou as coisas do outro mundo, nunca lhes tocou nem de leve com escárnio ou zombarias, e, também, nunca duvidou da sua existência e atividades neste mundo. Apesar de tudo, procurou traçar um plano para cientificar-se verdadeiramente, se de fato eram as terríveis mulheres bruxas, as autoras daqueles embustes que tanto lhe preocuparam.

Seu plano foi o seguinte: colocou uma taramela na porta da gaiuta da lancha, pela parte interior, e ao entardecer de uma sexta-feira meteu-se dentro dela, fechou a porta por dentro e ficou esperando o resultado.

Passado alguns minutos, ele ouviu vozes estranhas e sentiu que abriam o rancho e levavam a lancha para o mar.

Na porta da gaiuta, ele tinha feito um pequeno furo, de onde espiou e viu um quadro horrível e descomunal, nunca imaginado por ele (e pensou consigo mesmo: "nem por ninguém").

Viu dentro da sua lancha uma caterva de mulheres nuas, de fisionomias horríveis, corpo esquelético, mãos com unhas pontiagudas, enfim um quadro dantesco, sinistro, demoníaco.

A mulher bruxa que ocupou o lugar de patrão na lancha, apresentava o corpo coberto de escamas negras, as unhas das mãos eram como ponta de lança. O cabelo muito comprido caía pela popa da lancha a fora e estendia-se sobre o mar, deixando no seu rastro um fogo de ardentia de comprimento incalculável.

Dos olhos chamejavam dois feixes de luz, que clareavam a grande distância, e seus pés eram semelhantes a patas de mula.

Cada banco da lancha estava ocupado por uma bruxa que manejava um remo de voga.

Ao começar a viagem, a misteriosa bruxa que estava governando a lancha, solta gritos enfurecidos, esbravejou e disse para as outras: "Aqui nesta embarcação, está cheirando a sangue real".

A mulher bruxa que estava sentada no banco da proa da lancha, perto da gaiuta onde o pescador estava escondido era comadre dele.

Todas as vezes que a temível bruxa patrão da lancha esbravejava e dizia: "Está cheirando a sangue real nesta embarcação", a mulher bruxa que era comadre do pescador respondia: "Remem, suas éguas, cada remada avance uma légua, que o galo branco já cantou e o amarelo cacarejou".

Vencida a légua por segundo em cada remada que davam, chegaram no porto do lugar que haviam escolhido, em uma sinistra reunião para as suas atividades diabólicas. Em pouco tempo, aí embicaram a lancha na praia e desapareciam.

Logo que elas abandonaram a lancha, o pescador saiu do seu esconderijo, apanhou um punhado de areia, colheu um ramo de rosas e escondeu-se novamente.

Mais tarde, as endiabradas mulheres bruxas chegaram na praia, reocuparam os seus lugares na lancha e saíam mar a fora.

Durante toda viagem de ida e volta, a mulher bruxa, patrão, advertiu insistentemente, às suas colegas de que naquela embarcação havia presença de sangue real.

A bruxa comadre do pescador, que havia notado a presença do seu compadre dentro da gaiuta, desde que chegou no rancho, defendeu-o sempre com muita habilidade também já na volta: "Remem, suas éguas, cada remada vence uma légua, os galos brancos e os amarelos já cantaram e os pretos já cacarejaram".

Com estes argumentos, ela defendeu o compadre das unhas terríveis daquelas mulheres bruxas, mesmo porque não podiam perder tempo à procura do sangue do pescador, senão seriam surpreendidas em estado fadórico pelo canto do galo preto.

E assim continuaram a viagem até chegarem ao porto de partida.

Desembarcaram, abriram o rancho, recolheram a lancha e desapareceram.

O dono da lancha que estava dentro da gaiuta, logo que se viu livre delas, apanhou a areia e as rosas que recolhera no porto onde elas o levaram e retirou-se para a sua casa.

No dia seguinte, tomou a areia e as rosas mostrou a muita gente do lugar para ver si alguém descobria a sua terra de origem.

Ninguém conseguiu, nem mesmo, dar uma opinião aproximada.

Mas acontecia que a mulher bruxa, sua comadre, aparecia quase todos os dias em sua casa – não para visitar o afilhado, pois ela já o havia mandado para o outro mundo, chupando-lhe o sangue – mas sim, para passear com uma filha dele de quem era muito amiga.

Como nenhuma das pessoas a quem ele mostrou a prova de sua coragem, conseguiu identificar o lugar da viagem voltou para casa um pouco desanimado.

Ao chegar em casa encontrou sua comadre bruxa sentada na varanda conversando com pessoas de sua família.

Cumprimentou-a e mostrando a areia e as rosas, perguntou-lhe se era capaz de descobrir o lugar de origem.

Quando a comadre bruxa foi solicitada a responder a pergunta, ela olhou para a areia e as rosas e imediatamente, respondeu o seguinte.

– Compadre, a terra de origem deste punhado de areia e destas rosas é a Índia. Estiveste entre a vida e a morte. Dentro de tua embarcação estavam as mais respeitadas, misteriosas, prepotentes e malignas mulheres bruxas, do reino de satanás. Se não foste assassinado por elas, agradece-o a mim, tua compadre, que estava sentada no banco de proa da lancha, perto da gaiuta, onde estava escondido.

O velho pescador depois de ter ouvido a narrativa da comadre bruxa foi à cozinha, apanhou um rabo de tatu que estava no fumeiro, despiu-a, deu-lhe uma boa surra, salgou as feridas com sal e pimenta e obrigou-a a descobrir o nome de todas as outras suas colegas de aventuras fadóricas.

Florianópolis, 25 de fevereiro de 1957

(Cascaes, Franklin. "História de assombração". A Gazeta. 23 de março de 1957)

Você viu meu filho?

Em Palhoça existem varias cachoeiras, sendo a do Pontal uma das mais conhecidas. Possui varias piscinas naturais de águas tranqüilas, porem existem épocas do ano que chove por dias, e nesses dias ela ganha uma força assombrosa.
Um dos pontos preferidos dos garotos que costumam freqüentar a cachoeira é o poço do Jarrão, um lugar onde a água desce por uma pedra lisa e cai num pequeno poço muito profundo formando assim um tobogã natural.
Eu e meus primos criamos o habito de ir pra lá nadar nas férias, sempre com muitos avisos da minha tia sobre os perigos do lugar (o qual sempre me causou alguns arrepios e a sensação de estar sendo observado).
Um dia eu e um amigo estávamos procurando o que fazer no dia seguinte até que eu me lembrei da cachoeira e propus irmos de bicicleta, ele topou e no dia seguinte fomos. Ele nunca havia ido lá e ficou fascinado, fomos subindo a cachoeira até o poço que eu mais gostava por ser o mais amplo pra nadar, já o meu amigo prefere continuar explorando e subiu a cachoeira ainda mais. Eu fiquei nadando até que comecei a sentir que alguém estava me espiando, primeiro achei que era meu amigo querendo me assustar, depois de um tempo eu tive a nítida sensação de ter visto alguém se esconder atrás de uma arvore, me viro na direção dela e chamo pelo meu amigo que responde, mas não de lá de trás da arvore e sim do alto da cachoeira. Ele desceu e veio falar comigo:
- O que aconteceu? Tava me chamando por quê?
- por nada, deixa pra lá.
- Você viu uma mulher com um menino subir a cachoeira depois que eu subi?
- Não. Por quê?
- E que quando eu subi eu não encontrei ninguém, mas na volta eu encontro ela vestida dentro da água olhando pro fundo.
- Tá, e daí?
- Bem ela me perguntou se eu não tinha visto o filho dela.
- Não cara eu não vi ninguém subir não, mas vamos la, vai que ela ta precisando de ajuda pra achar o guri ainda né?
- Vamo la então.
Mas quando a gente chegou onde ele tinha encontrado ela não tinha ninguém.
Quando eu contei isso pra minha tia ela ficou assustada e me contou sobre uma coisa que havia acontecido a anos na cachoeira. Alguns anos atrás, num dia de sol após fortes chuvas um grupo de meninos decidiu ir até a cachoeira para se refrescar como costumavam fazer, ao chegar lá eles se deparam com a força da água e muito além do normal, mas mesmo assim escolheram se arriscar e foram brincar no poço do Jarrão, mas quando um desses garotos foi escorregar pela pedra como costumava fazer ocorreu uma tragédia. Ele foi não parou no posso como os outros, ele foi levado pela água.
Os amigos procuram cachoeira a baixo, mas não o encontraram. Os bombeiros também tentaram em vão encontrar o menino. Sua família ficou desolada, em especial sua mãe que não aceitava a morte do filho sem ver o corpo. Nos dias seguintes ela procurou inúmeras vezes pelo corpo do filho, mas não teve sucesso. E pior, o corpo dela foi encontrado boiando na cachoeira, não se sabe se ela se afogou acidentalmente procurando a criança ou se ela cometeu suicídio.

A Mulher de Branco



   Um fantasma dos mais conhecidos. Existem versões da sua historia em todo o mundo, desde a América, Europa até na Ásia e Oceania (nas Filipinas existe uma rua que é conhecida por ser assombrada por ela).
    No Brasil ela seria uma mulher grávida de conhece um homem com o qual se envolve, ele se torna seu amante, ela cria sonhos sobre uma vida ao lado de seu amado. Como resultado do ardor da paixão dos dois ela acaba engravidando. Mas ela estava enganada sobre o seu amado, ele quando soube da gravidez começou a ficar distante até que certo dia desapareceu no mundo deixando a mulher mergulhada na depressão. Ela de a luz perdida nas sombras de um futuro duvidoso e amargurado pelo ódio por aquele que se aproveitou de seus sentimentos. Para se vingar do amante que a abandonou ela descontou toda a sua fúria e ódio em seus filhos os matando. Mais tarde após passar o frenesi causado pelo seu ódio e magoa ela toma consciência da atrocidade dos seus atos e no impulso da dor que lhe tomou ela se mata.
Dizem que ela agora vaga pelas estradas a procura de homens infiéis, ela aparece linda e encantadora pedindo carona aos motoristas que passam. Ela transpira luxuria com o objetivo de seduzir o sujeito, que se sucumbir a sua tentação será cruelmente morto por ela.
   
Já em Portugal, ela seria uma garota que morreu atropelada, há vários relatos de suas aparições, como por exemplo, um vídeo intitulado “Acidente na Estrada de Sintra”, em que três amigos dão carona a uma rapariga vestida de branco que encontram na rua. Nisto, a garota chora durante o caminho, e chega a um momento em que diz: “Foi aqui…”, de seguida os outros passageiros perguntam o que se tinha passado ali, e nisto a garota responde: “Foi aqui que tive o acidente… e morri.” Com isto, a garota aparece com uma forma cadavérica e causa o acidente em que o carro capota e supostamente os passageiros da frente morrem e apenas o que filma sobrevive.
   Existem histórias da mulher de branco no México, Venezuela e Estados Unidos, mas nunca se sabe em qual estrada a mulher de branco vai estar...

A Curva

Curta metragem , filmado e dirigido por David Rebordão sobre a lenda de Teresa Fidalgo.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Arlequim



O carnaval italiano é composto de três personagens principais : o Pierrô , a Colombina e o Arlequim . 
A Colombina é uma bailarina fútil e volúvel , que representa o planeta Terra . Ela se divide entre o Pierrô e o Arlequim . 
O Pierrô é um ingênuo e puro boneco , que representa o céu . Ele deseja salvar a Colombina das garras do Arlequim . 
O Arlequim é um palhaço do inferno , que tem como objetivo seduzir a Colombina . 
Muitas pessoas em estado de coma , quando se vêem entrando no inferno se deparam com a figura diabólica do Arlequim . Os depoimentos de quem já passou por isto são surpreendentes. 

domingo, 5 de junho de 2011

Solitário

Existe uma curva no alto de um morro no bairro da praia de fora que é cercada por uma vegetação fechada que dificulta um bocado enxergar as ruínas de uma casa que ficava ali.
O lugar é triste,sombrio e passa a impressão de que estão te observando de entres as arvores, é como se algo quisesse que você sai dali, algo que odeia a sua presença.
Eu costumava passar lá no inicio da minha adolescência, em geral a noite, nunca encontrei a luz do poste que fica no alto daquele morro funcionando, estava sempre queimada ou quebrada, sempre ventava lá, sempre uma brisa leve e fria e que faz um som como alguém murmurando maldições. E após passar por ali as luzes de alguns postes se apagam quando eu me aproximo isso por alguns quilômetros.
 Depois de passar por esse lugar algumas vezes fiquei curioso sobre a história do lugar. Conversando com alguns moradores mais antigos ouvi a seguinte historia:
“Naquele lugar havia uma casa onde vivia uma família. O pai chefe da família era um homem que bebia muito, e quando bebia ficava violento e acabava agredindo sua mulher e filhos. O quadro se manteve até que a sua mulher não agüentou mais e o abandonou levando com ela os filhos sem dizer pra onde foi o deixando sozinho naquela casa, depois disso começou a beber na frente de sua casa e demonstrando sua antipatia por quem passava por ali, o seu problema com alcoolismo aumentou junto com a depressão até o limite do suportável. Não demorou muito tempo ele foi encontrado morto, ele se enforcou em sua casa que ficou abandonada depois disso, se deteriorando até virar uns poucos pedaços de parede que teimam em se manter de pé.”
Por isso se você estiver passando pelo bairro da praia de fora em palhoça e sentir uma presença solitária e amargurada te observando você já sabe quem é, é este homem que talvez ainda aguarde a sua família voltar.