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domingo, 5 de junho de 2011

Solitário

Existe uma curva no alto de um morro no bairro da praia de fora que é cercada por uma vegetação fechada que dificulta um bocado enxergar as ruínas de uma casa que ficava ali.
O lugar é triste,sombrio e passa a impressão de que estão te observando de entres as arvores, é como se algo quisesse que você sai dali, algo que odeia a sua presença.
Eu costumava passar lá no inicio da minha adolescência, em geral a noite, nunca encontrei a luz do poste que fica no alto daquele morro funcionando, estava sempre queimada ou quebrada, sempre ventava lá, sempre uma brisa leve e fria e que faz um som como alguém murmurando maldições. E após passar por ali as luzes de alguns postes se apagam quando eu me aproximo isso por alguns quilômetros.
 Depois de passar por esse lugar algumas vezes fiquei curioso sobre a história do lugar. Conversando com alguns moradores mais antigos ouvi a seguinte historia:
“Naquele lugar havia uma casa onde vivia uma família. O pai chefe da família era um homem que bebia muito, e quando bebia ficava violento e acabava agredindo sua mulher e filhos. O quadro se manteve até que a sua mulher não agüentou mais e o abandonou levando com ela os filhos sem dizer pra onde foi o deixando sozinho naquela casa, depois disso começou a beber na frente de sua casa e demonstrando sua antipatia por quem passava por ali, o seu problema com alcoolismo aumentou junto com a depressão até o limite do suportável. Não demorou muito tempo ele foi encontrado morto, ele se enforcou em sua casa que ficou abandonada depois disso, se deteriorando até virar uns poucos pedaços de parede que teimam em se manter de pé.”
Por isso se você estiver passando pelo bairro da praia de fora em palhoça e sentir uma presença solitária e amargurada te observando você já sabe quem é, é este homem que talvez ainda aguarde a sua família voltar.

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